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Banda dos Curumins
Descobertos por projeto social, 18 crianças e adolescentes da região da Pedreira, zona sul de São Paulo (SP), formam a Banda dos Curumins, que ganha cada vez mais destaque no cenário cultural

Vocalista de apenas 13 anos e tecladista de 20 são algumas das revelações

A construção de um futuro marcado por realizações pessoais e profissionais é um desafio para a maioria das crianças e jovens brasileiros. O caminho a trilhar é talvez ainda mais íngreme para os pequenos que crescem nas periferias e regiões mais carentes do país. No entanto, um projeto social iniciado em 2013 está mudando para melhor essa realidade. Trata-se da escola Quarteirão da Música - dedicada ao ensino musical de crianças e adolescentes do bairro da Pedreira, zona sul de São Paulo - que decidiu apostar na criação da Banda dos Curumins, revelando talentos dessa comunidade para a música brasileira.

Um desses talentos é a jovem Letícia Amorim, hoje com 20 anos. Influenciada por uma família de músicos, principalmente pelo pai, Vilson Moreno, desde cedo a jovem sonhava em se tornar um grande nome da música instrumental brasileira. "Aos oitos anos comecei a tocar piano erudito, instrumento que estudei por cinco anos. Depois disso, tive uma passagem por um convento onde aprendi cantos gregorianos e me tornei organista do coral das freiras. Em 2014, meu pai, que é o fundador da Banda dos Curumins, convidou-me para ingressar no grupo e, por meio disso, pude acessar o conservatório Souza Lima, onde estou cursando o terceiro ano para me formar como musicista", afirma.

Dois anos depois, outro prodígio juntou-se ao grupo, Ludmila Lima, à época com apenas 11 anos. Nem ela sabia, mas já tinha um talento natural para o canto. "Eu nunca tinha cantado em nenhum outro lugar antes, apenas em casa. Ao saber da criação do novo grupo, minha mãe logo me inscreveu na escola e apenas dois meses após o início das aulas minha professora disse que iria me colocar como cantora da Banda dos Curumins. Eu nem acreditei!", lembra, destacando ainda o frio na barriga que sentiu quando subiu ao palco pela primeira vez, com o músico e compositor suíço Sebalter, em 2016: "Foi indescritível".

De famílias com poucos recursos, Letícia e Ludmila falam da importância de fazer parte deste projeto que mudou as vidas delas. Letícia pontua que a iniciativa permitiu também a um outro colega da banda o acesso à faculdade de música, e hoje ele trabalha ministrando aulas de percussão na região. "Meu pai trabalhou em várias outras ONG's ao longo da vida e uma vez me disse que o Quarteirão da Música é a instituição em que viu o trabalho mais honesto e de bom coração, onde as pessoas, de fato, investem tudo o que podem nas crianças atendidas pelo projeto, tirando-as das ruas, das drogas e da precariedade em que vivem. É muito bonito o que fazem por nós", diz.

Ludmila, por sua vez, conta que se tornou uma pessoa melhor desde o dia em que entrou para a escola e que se surpreende a cada apresentação que participa. "Parece um sonho poder viver estes momentos, como quando cantamos com as cantoras Jesuton e Alice Mondia, no ano passado. Sempre somos estimulados por nossos professores, que não cansam de nos motivar e exigir o máximo de todos nós", diz. E ela, embora sonhe alto, não pretende largar a banda. "Meu sonho é construir uma carreira na música e poder viver dela um dia, mas sem deixar a Banda dos Curumins".

Pipoquinha - Também de origem humilde, a mais nova revelação brasileira do baixo, Michael Pipoquinha, de apenas 22 anos, reconhece o talento dos jovens curumins e se identifica com o trabalho realizado pela Banda, tanto que será a participação especial da próxima apresentação do grupo, dia 16 de agosto, no Teatro Clara Nunes, em Diadema (SP). "Será a primeira vez que nos apresentamos juntos, estou muito ansioso. Tive a oportunidade de visitá-los e de conhecer o trabalho que fazem no Quarteirão da Música, tenho certeza que será um espetáculo maravilhoso", ressalta.

As meninas também estão ansiosas para dividir o palco com o Pipoquinha. "Ele nos deixou encantados quando veio nos conhecer durante nosso ensaio e improvisou algumas músicas conosco. Tenho certeza que compartilhar o palco com ele será incrível", pontua Letícia.

"Tocar com o Michael? Vai ser uma alegria e um aprendizado profundo", acrescenta Ludmilla.

O show inédito e exclusivo será realizado a partir das 20 horas e tem entrada gratuita.
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